Cacimba
CACIMBA
@Arysson Soares
Na nossa infância a cacimba dágua era algo místico, sagrado e bom pra todos no sertão. Lembro que nas fortes estiagens o negócio era cacimba boa de água, sem ferrugem, sem impurezas e com água de ótima qualidade. Cada sítio e cada dono sua cacimba de beber, a inveja era pra ser ter a mais limpa, a mais cristalina, a melhor em estrutura e de ótimo acesso. Vigi, se conhecia o nível de organização do dono pela boa condição da cacimba. Em casa os potes, tanques, da sala da frente até os banheiros tudo era na água de cacimba, chega espelhava, brilhava, cheirava. Mamãe era astuciosa certa vez no sítio fez um almoço grande, coisa de gente de posse aí perguntei que tanta comida, a resposta veio na ponta de língua daquela Galega, mininu é pra dá de almoçar os mestres.
Lá pra tantas haja entrar conhecidos aí fui ver que os mestres era os trabalhadores que estavam cavando e construindo a cacimba lá nas terras de plantas. Pois bem, até nisso era bom, a cacimba tinha seu grande valor, pois até nisso a turma se reunia. Lembro das escadinhas, vigi era uma cerimônia pra entrar numa cacimba, tinha que ir limpinho, pois ali era sagrado, era pra manter o mais íntimo cuidado em limpeza e higiene. Noutras regiões diziam que fulano de tal foi repreendido daquela propriedade porque não teve respeito com a cacimba de fulano, enfim, se o cabra inventasse de fazer sujeira numa cacimba, se tirasse notícias, aí vinha o muído. Por fim, quantas saudades de você velha Cacimba, santa, cáustica e bacana de ti até nomes de cidades se deu pelo apreço a você, receba nossa homenagem por ter sido salvaguarda nos tempo bons.
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