LAMPARINA DO MEU SERTÃO
@Arysson Soares
Fui criado, num lenço de terra chamado Alecrim a pouco km de TIMBAÚBA, casarão antigo, cujo telhado ia esbarrar numa altura mística daquela velha construção de outrora. Ali tinha-se a balustada como dizia mamãe, o salão frontal, o alpendre de frente por nascente, num alto sacrossanto cuja a ventilação era o frescor da tarde e da noite. Sala grande, piso puro, cujo cimento brilhava igual a um espelho bom, saleta, dois dormitórios grandes, caritó, espiadeira, armário de madeira, cozinha maior do que quase sala, fui criado assim vendo fartura, vendo todos trabalharem num campo cujo o descanso só era possível a noite. Cuja conversa era um só, água de cacimba, vaca pra parir, bezerros pra apartar, cercados pra corrigir, rádio a escutar, vizinho a convidar e no oitão haja galinha, peru e tantas criações.
Pois bem, lembro como se fosse hoje mamãe mim colocou de castigo e obedeci, era trancado num quarto claro sem direito a sair, foi a maior tortura que passei, Deus mim livre. Mais tudo isso era por meio bem, para o melhoramento de minha formação e caráter.
Hoje quando vejo a meninada desrespeitando pai e mãe lembro de mamãe e seu castigo como faz falta.
Enfim, e a lamparina vigi era a única luz de todos nós.
Naquela época sertão seco ou de inverno a lamparina e sua fumaça era a melhor amiga do sertanejo, pois clareava que fazia gosto.
Lembro que fui mexer numa acessa vigi levei uma queimadura e quase queimei meus cabelos.
Pois diga!
Hoje faço recordar quantas saudades do jantar na mesa grande, ali vinha a lamparina clareando, e bem a frente haja sopa e coalhada com raspadura raspada até dizer basta. No alpendre se via uma tocha lá pra 7 da noite bem longe deveria ser alguém ou alguma coisa. Vez por outra chegava alguém depois da janta cansado e sem comer e mamãe metia comer e era aquela alegria.
Saudades são saudades que não consigo apagar🌵
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