Símbolos Islâmico do Chapéu do Cangaceiro
Os motivos florais que aparecem em versões de 4, 6 e 8 pontas no chapéu do cangaceiro, além de usados como símbolos de proteção, também são desenhos recorrentes nos bornais, pederneiras e outras peças da vestimenta e constituem uma herança da estética ibero-mudéjar dos povos Islâmicos residentes na Península Ibérica, não apenas dos Cangaceiros mas também na estética das roupas dos vaqueiros, como mostra Suria Seixas Neiva na sua dissertação Desenhos de Couro ( Seixas, 2017 p. 83 ), citando Franklin Pereira:
" O desenho de couro sertanejo nas selas de couro, por outro lado, teve considerável alteração de repertório visual, muito embora a base técnica seja a mesma, a de punção ou ferreteamento e costuras, e a memória dos motivos seja ainda rastreável. Segue-se descrição particularmente familiar, se tivermos em mente os desenhos de couro do sertão pernambucano (e mesmo não sendo nosso objeto focal o desenho de couro que aparece no cangaço lampiônico, a descrição a seguir ainda alcança as chinchas e os bornais dos cangaceiros):
No campo dos lavrados (realizados por goiva em V cortante), encontra-se uma série de ornamentos devedores ao legado islâmico. Assim, vemos largas molduras de estilizações florais inscritas em SS deitados - também lidas como dispostas numa estrutura de espiral, colocada alternadamente ao longo de uma linha, em ondas, em enlaçado vegetalista de dois cabos, ou em rombos; no campo, aparecem palmetas simétricas, flor de quatro pétalas sobre quadrado (cada canto entre pétalas), minuciosa decoração floral com pássaros, 8 duplo/ nó do infinito. A estilização da folha de acanto - denominada em estudos espanhóis como "palmeta digitada" apresenta-se como gomos e anéis, ou meias luas com curvas internas, ou gomos em torno de espiral; esta estilização é continuadora daquela iniciada no Califado e que se prolongou até ao Sultanato de Granada.''
-PEREIRA, Franklin. A monta "à brida", e "à jineta" nas planícies da Península Ibérica - selas, arreios, e protecção do cavaleiro cristão e muçulmano. Revista Mirabilia 8, julho 2008. ISSN 1676-5818.
Via página: Cultura Nordestina
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